11 de dez. de 2008

Nas minhas férias...


Pensei em tirar férias. Decidi que elas iriam começar na última segunda-feira. Mas como tudo meu que sempre irá começar na segunda-feira, nada aconteceu. Fiquei preocupada com um artigo que tenho que produzir, senti-me incomodada com o Vestígios desatualizado, pensei na morte, descobri que preciso fazer mercado. Irritei-me com tudo isso, recriminei-me por ser tão tensa e me obriguei a entrar de férias. Para criar um clima, saí ontem de sandália havaiana (ou japonesa para meu pai e Bernardo). No salão, meu cabeleleiro perguntou se eu estava com o pé doente. No cinema, encontrei com uma professora que quero que seja minha orientadora. Quase morri de tanta vergonha. Não, eu não tenho o passe livre das gringas que visitam todo o Brasil de sandália e microshorts. Não, eu não sou o tipo de pessoa que pode pensar que está de férias. Só fico feliz no primeiro minuto. Logo depois, me aborreço, pois detesto não ter o que fazer. Na infância, quando visitava a ilha, morria de tédio. Só melhorou quando descobri que minha casa de veraneio ficava defronte de uma biblioteca pública. Achava um saco toda aquela dinâmica de praia e conversas com vizinhos-que-nunca-diziam-nada. E, no início das aulas, ainda tinha que escrever uma redação mentindo sobre o meu maravilhoso verão. Que imposição social é essa de obrigar todo mundo a entrar de férias? Por que as pessoas ficam dizendo que eu sou uma menina amarela?
Não, nesse verão, eu não vou me bronzear na praia. Não, eu não vou usar um vestido leve e caminhar pela areia como se estivesse numa propaganda de Sundown. Talvez até passe o Reveillón em casa. O que vou fazer? Ainda não sei. Talvez até tire umas férias. Só para ler e escrever.

13 comentários:

José Ricardo da Hora Vidal disse...

Cara Renata. Se servir de consolo: desde quando eu vim morar aqui em Salvador eu nunca fui a nenhuma das praias soteropolitanas. Da mesma forma que quando eu morava em Valença, raramente eu ia para o Morro de São Paulo ou o Guaibim. "Branquelo" como sou, branquelo eu até hoje fico nas minhas férias, que prefiro passar numa rede lendo meus livros... Praia, para mim, só na imaginação e nos quadros. Concordo contigo que não há coisa pior que ficar de "férias" sem fazer nada ou fazendo os programas "típicos" da estação como veraneio, ficar sem camisa ou passar dia em fazenda, montando cavalo, vendo galinhas e passeando pelo mato. Também nunca fui fã. Por isso, passei a considerar férias como os dias sem "responsabilidades". São meus dias que não tenho que me preocupar como seminários de estudos, ir trabalhar num escritório ou cumprir um prazo de entrega de projeto. É quando fico apenas escrevendo, lendo, desenhando, fotografando, estudando, assitindo filmes, ouvindo música - talvez, viajando para meu quarto de infância em Valença onde colocarei uma rede para ficar dormindo... e lendo. Assim, que sabe, no meio de nossas leituras, nossas imaginações nãos e encontrem para conversarem silenciosamente. Um abraço, feliz natal e boas férias. Ricardo Vidal

Anônimo disse...

boa representação de férias, nada como viver com os pés dentro de um chinelo japonês.

Janaina Amado disse...

Renata, como disse aí o José Vidal, o bom de férias é não ter responsabilidades, obrigações, só fazer o que gosta. E isso você vai fazer, então, vai entrar de férias!Eu sou doutora em ócio produtivo, veja lá no meu blog.
Ôooba, e nessas férias você vai poder ficar escrevendo um bocado aqui, e, quem sabe, até produzir um novo livro? Abração ocioso.

Bernardo Guimarães disse...

precisava me entregar daquele jeito? sandália japonesa...
eu não tiro férias há anos,além de uma semana ano passado para uma saidinha (uma rapidinha) com a patroa em aruba. enjoei.

Anônimo disse...

Férias para ler e escrever. Como seria bom!
Beijos.

Cami disse...

Férias para ler e escrever!
Para mim, não existe nada melhor do que isso.
Só de pensar em suor, calor, sol, maresia, argh, chega me dar arrepios.

Odeeeeeio verão, sol, mar e calor!

Bjão!

aeronauta disse...

Obrigada, Renata, mais uma vez.
Quanto a esta palavra "férias", é algo que realmente necessitamos para ler e escrever.

Senhorita B. disse...

Somos duas, Cami.
Bjs

Anônimo disse...

Renata, chego aqui por conta de Bernardo, Aeronauta, Maria Sampaio, Marcus Gusmão, Janaina, Martha, e devo ter esquecido de alguém (é o risco que se corre quando se quer agradecer). Não vou mentir. Já estive aqui muitas vezes, li com satisfação cada pedacinho de seu blog, não li os livros porque não os achei (ainda) e nunca deixei vestígios, mas de tanto vê-la nos blogs amigos eu resolvi dar as caras finalmente para saudá-la (ia deixar para segunda-feira, mas sou ansioso demais e sempre começo as coisas na sexta).
Quanto ao post, pior que a obrigação psico-social de sair de férias - e ser feliz durante - é sentir a obrigação de fazer a família ter as melhores possíveis.
Abraço

Anônimo disse...

Mary!!!!!!!!!Vim aqui para matar um pouco da minha saudade!!!! Tô morrendo de rir com esse seu texto!! rs! Sua cara!!! Espero que Jô não leia... rs!! Vou te ligar p colocarmos o papo em dia!!! Beijo!!!!

Jan Góes disse...

Caí aqui justamente por que estou de férias, então: "-Viva as férias de Ler e escrever!" ( na verdade férias mesmo só da faculdade )

Gostei do blog.
Abraço.

Eliana Mara Chiossi disse...

Estou lutando internamente para me dar direito a ter férias no meu período de férias, mas acho que vou mesmo sucumbir e naõ descansar nada!
Adorei o tom leve da crônica...


Bjs

Anônimo disse...

Confesso que fiquei preocupada qdo vc postou: "Um Feliz Natal para todos e um excelente 2009. Resolvi tirar férias:)"

Tbm pensei na morte!