31 de out. de 2008

Senhoras e senhoritas,


Vamos combinar de ir para praça queimar uns sutiãs?
(Como já disse o André Leones, a Sarah Palin só pode ser algum novo personagem do Woody Allen...)

28 de out. de 2008

J, filho de M


Vocês se lembram daquela frase que aprendemos aos doze anos e que ficávamos repetindo no playground sem parar? Aquela que proclama: "o que vem de baixo não me atinge". Pois então: eu a internalizei com perfeição. Talvez pelos dez anos de análise. Talvez porque, na infância, como vocês perceberão, eu acreditava piamente em tudo que me era dito.

Recentemente, minha querida amiga Aeronauta, me pediu que eu escrevesse sobre quando eu era criança. Pois bem, acabei me lembrando que eu era uma menina muito medrosa. E me recordei de dois episódios que foram verdadeiras exceções ao "o que vem de baixo não me atinge."

O primeiro deles se deu num conhecido restaurante de Salvador. Eu, aos quatro anos, tinha verdadeiro pavor da criatura que abria a porta dele. Isso mesmo: o monstro da minha infância era o anão do Baby Beef.

Ele era(é?) um homenzinho muito, muito pequenininho. E, bem mais terrível do que ter que ver aquele anão todo domingo, era a pressão que os adultos faziam para que eu fosse brincar com ele. Sempre petrificada de horror, sentava na cadeira de couro e observava as outras crianças correndo felizes, pertubando a vida daquele pobre ser. E, certo dia, uma delas, descobrindo meu desespero, afirmou: o anão lhe lançou uma maldição. Você ficará como ele, jamais crescerá.

Pronto. Isso foi o bastante para que eu começasse a chorar compulsivamente. Era louca para ser adulta e, agora, descobria que aquela criatura miserável iria impedir isso de acontecer! Foram longas as noites de medo e muitos pedidos para Deus. Até hoje, evito almoçar naquele lugar.

Mas é o segundo episódio que mais quero contar. Aos seis anos, gostava muito de ficar na casa da minha avó. E, certo dia, entro na sala de jantar e vejo minha mãe, minha avó e minhas três tias, arrasadas, repetindo sem parar: Ohhhh, J, filho de M? Drogado? Que coisa terrível!

O clima era realmente bastante fúnebre. Uma das minhas tias tinha lágrimas ns olhos. Compreendi que ser drogado era algo muito ruim, quase como ser um vampiro. Mas não sabia exatamente o que tal palavra significava. Lembro-me ainda com perfeição de minha mãe falando: Mas que desgraça se abateu sobre essa família! Renata, minha filha, não aceite nada que J. queira lhe dar.

J, filho de M, era um bonito adolescente que morava no prédio de minha avó. Com alguma frequência, brincava comigo, adorava crianças. Recordo-me do calafrio que senti ao pensar nisso. Que perigo! Nunca, nunca mais deixaria J se aproximar.

Pois então. Alguns meses se passaram. E, numa tarde, desci para o play do prédio de minha avó para esperar meu pai me buscar. Minha avó desceria em alguns instantes, iria para um chá de cozinha, estava toda arrumada, vestia meia-calça e usava um sapato alto para mascarar sua baixa estatura.

Eu aguardava, alegremente, a chegada de meu pai. Brincava com minha boneca favorita. Mas eis que, de repente, escuto uma voz chamar meu nome. Olho para trás. Congelo. J, filho de M, está vindo na minha direção.

Horrorizada, tenho pouco tempo para pensar. Vejo minha avó saindo do elevador. Não tenho outra alternativa. Corro em alta velocidade, pulo em cima dela. Segundos depois, caímos juntas no chão.

Minha avó, com a meia calça rasgada, muito irritada. J., ajudando-a a se levantar, rindo sem entender nada. Minha avó desistindo de ir ao chá de cozinha. Meu pai, aborrecido: essa menina está mesmo muito mal-educada! Eu, de castigo, sem compreender o motivo disso. Minha avó, agradecendo: obrigada, J. Você é um bom menino.

O que vem de baixo não me atinge? Sei mais não. Escrevendo esse texto, voltei a ficar com raiva de J., do anão, mas, principalmente, de minha avó e meus pais.

25 de out. de 2008

Como Femininamente se tornou um livro raro


Há algum tempo, descobri que apenas tenho cinco exemplares do Femininamente. E isso se deve, em parte, ao fato de que tenho uma legião de leitoras bonitas e jovens. Sim, queridos, as afirmações anteriores podem induzir à falsa idéia de que faço muito sucesso e que ganhei dinheiro com meu livro. Mas, não, eu garanto: não foi nada disso.

Deixem-me contar essa história.

Quando fui premiada pela Braskem, recebi trezentos exemplares do Femininamente e os coloquei no depósito lá de casa. Tudo bem. Durante os meses (e anos!) seguintes à publicação do livro, recebi e-mails muito bonitos sobre ele, em certas situações, fui tratada com extrema distinção por garotas que nunca havia conhecido. Devo ressaltar que ficava muito surpresa com isso, pois essas minhas leitoras eram muito novinhas e não pertenciam à área de Letras. Constantemente, eu pensava: de fato, essas matérias que a imprensa faz comigo têm dado resultado. A Casa de Palavras (minha editora) deve estar vendendo um monte de livros.

Grande engano. Pois bem. Vamos à verdade:

Noite. Estou em casa, na sala de televisão. Vejo meu irmão todo perfumado saindo do seu quarto. Constato: vai se encontrar com alguma mulher. Ele me diz adeus e segue na direção da porta. Mas, de repente, percebo: ele leva algo familiar nas mãos.
- Ricardo, o que significa isso?

Ele, muito cara de pau: - Isso o quê?

- Esse Femininamente que está nas suas mãos!

Pois foi aí que descobri a origem das minhas leitoras novinhas e bonitas. Para fazer um tipo, ele furtava meus livros do depósito e dava para as meninas de presente! E sabe o que é pior? Sua tática sempre funcionava!

No depósito, poucos eram os Femininamente. Hoje, meu irmão tem uma namorada muito legal, adoro minha cunhada. E, outro dia, ela me dise: Rê, sabia que não tenho nada seu? Foi a partir disso que compreendi duas coisas. Sim, meu irmão está verdadeiramente apaixonado. E coitado do meu próximo livro. Perdeu seu melhor divulgador.

23 de out. de 2008

Mc Topic da Alegria


Um pouco mais da metade da década de noventa. O início da minha adolescência. O tão desejado fim da minha infância. Trilha sonora? Música grunge (E, sim, apesar da vergonha, vou admitir: um pouco de Gera Samba. Não esqueçam: eu era uma adolescente baiana!). Uma nova escola, esperanças renovadas? Já devo ter dito que só comecei a entender o sentido da palavra felicidade na faculdade. Mas devo justiça: na Topic da Alegria fui também feliz.

Eu morava muito longe da nova escola. Portanto, meus pais contrataram uma Topic para me levar. Mal eu sabia que aquela idéia que eu tanto rejeitava se tornaria a melhor lembrança que guardo daqueles tempos.

Sempre fui uma menina considerada madura, equilibrada. Vivia enfiada nos livros. Talvez por não ter convivido com outras crianças, achava besta qualquer brincadeira. Mas, no primeiro dia do transporte, fui apresentada para Manuela, Claudia, Patty Beijo, Mariana, Pedro Bó e Bigodeira(outro dia conto sua história), dentre outros. E isso mudou de forma radical a concepção que eu tinha sobre mim mesma.

Logo na primeira semana, Claudia retirou os plásticos que cobriam os bancos e sugeriu que colocássemos na cabeça. Para que? Ela havia colado nos vidros o seguinte aviso: Instituto Pestalozzi (ou algo do tipo, não me lembro exatamente). Num primeiro momento, me recusei a entrar na brincadeira. No entanto, minutos depois, estávamos todos, sem exceção, com os plásticos na cabeça e nos batendo contra os vidros. Os motoristas dos outros carros olhavam aterrorizados. O motorista da Topic (Bateggs) ameaçou ligar para nossos pais. Sim, talvez fóssemos mesmo retardados (sorry, pessoas politicamente corretas). Mas eu nunca havia me divertido tanto na vida.

Quantas vezes Mariana ameaçou com um isqueiro colocar fogo na Topic caso o motorista não nos levasse para Mc Donald's? Cometemos muitos sequestros! Quando não tínhamos grana suficiente, Claudia saía cantando de mesa em mesa para recolher dinheiro. E, apesar de algum constrangimento, acabava tudo valendo a pena, nosso lanche sempre era garantido.

Muitos foram os bons momentos. Mas os anos passaram e cada um foi para seu lado. Não sei o que aconteceu com Bigodeira. Patty Beijo virou uma boa médica. Pedro Bó é advogado. Cláudia, hoje em dia, é Claudia Leitte. Mariana se tornou uma respeitável analista de sistemas e, segundo eu soube, é leitora deste blog.

Algumas promessas daquela época, todas muito ingênuas, não se cumpriram. Anos atrás, no pátio da faculdade, encontrei com Pedro Bó. Conversamos rapidamente sobre o passado. Senti saudade daquela que fui. Não, eu não tenho fotografias da Topic da Alegria. Não, não sou a mesma de tempos atrás. Mas, como consolo, ainda restam palavras e sonhos para mim.

21 de out. de 2008

Uma questão de gênero

Feminicídio ao vivo – o que nos clama Eloá

Maria Dolores de Brito Mota - Socióloga, professora da Universidade Federal dp Ceará

Maria da Penha Maia Fernandes – Inspiradora da lei Maria da penha 11340 e Coordenadora de Honra da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Tudo o que o Brasil acompanhou com pesar no drama de Eloá, em suas cem horas de suplício em cadeia nacional, não pode ser visto apenas como resultado de um ato desesperado de um rapaz desequilibrado por causa de uma intensa ou incontrolada paixão. É uma expressão perversa de um tipo de dominação masculina ainda fortemente cravada na cultura brasileira. No Brasil, foram os movimentos feministas que iniciaram nos anos de 1970, as denúncias, mobilização e enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres que se materializava nos crimes cometidos por homens contra suas parceiras amorosas. Naquele período ainda estava em vigor o instituto da defesa da honra, e desenvolveram-se ações de movimentos feministas e democráticas pela punição aos assassinos de mulheres. A alegação da defesa da honra era então justificativa para muitos crimes contra mulheres, mas no contexto de reorganização social para a conquista da democracia no país e do surgimento de movimentos feministas, este tema vai emergir como questão pública, política, a ser enfrentada pela sociedade por ferir a cidadania e os direitos humanos das mulheres. O assassinato de Ângela Diniz em dezembro de 1976, por seu namorado Doca Street, foi o acontecimento desencadeador de uma reação generalizada contra a absolvição do criminoso em primeira instância, sob alegação de que o crime foi uma reação pela defesa da "honra". Na verdade, as circunstâncias mostravam um crime bárbaro motivado pela determinação da vítima em acabar com o relacionamento amoroso e a inconformidade do assassino com este fim. Essa decisão da justiça revoltou parcelas significativas da sociedade cuja pressão levou a um novo julgamento em 1979 que condenou o assassino. Outro crime emblemático foi o assassinato de Eliane de Grammont pelo seu ex-marido Lindomar Castilho em março de 1981. Crimes que motivaram a campanha "quem ama não mata".
Agora, após três décadas, o Brasil assistiu ao vivo, testemunhando, o assassinato de uma adolescente de 15 anos por um ex-namorado inconformado com o fim do relacionamento. Um relacionamento que ele mesmo tomou a iniciativa de acabar por ciúmes, e que Eloá não quis reatar. O assassino, durante 100 horas manteve Eloá e uma amiga em cárcere privado, bateu na vitima, acusou, expôs, coagiu e por fim martirizou o seu corpo com um tiro na virilha, local de representação da identidade sexual, e na cabeça, local de representação da identidade individual. Um crime onde não apenas a vida de um corpo foi assassinada, mas o significado que carrega – o feminino. Um crime do patriarcado que se sustenta no controle do corpo, da vontade e da capacidade punitiva sobre as mulheres pelos homens. O feminicídio é um crime de ódio, realizado sempre com crueldade, como o "extremo de um continuum de terror anti-feminino", incluindo várias formas de violência como sofreu Eloá, xingamentos, desconfiança, acusações, agressões físicas, até alcançar o nível da morte pública. O que o seu assassino quis mostrar a todas/os nós? Que como homem tinha o controle do corpo de Eloá e que como homem lhe era superior? Ao perceber Eloá como sujeito autônomo, sentiu-se traído, no que atribuía a ela como mulher (a submissão ao seu desejo), e no que atribuía a si como homem (o poder sobre ela – base de sua virilidade). Assim o feminicídio é um crime de poder, é um crime político. Juridicamente é um crime hediondo, triplamente qualificado: motivo fútil, sem condições de defesa da vítima, premeditado.
Se antes esses crimes aconteciam nas alcovas, nos silêncios das madrugadas, estão agora acontecendo em espaços públicos, shoppings, estabelecimentos comerciais, e agora na mídia. Para Laura Segato[i] é necessário retirar os crimes contra mulheres da classificação de homicídios, nomeando-os de feminicídio e demarcar frente aos meios de comunicação esse universo dos crimes do patriarcado. Esse é o caminho para os estudos e as ações de denúncia e de enfrentamento para as formas de violência de gênero contra as mulheres.
Muita coisa já se avançou no Brasil na direção da garantia dos direitos humanos das mulheres e da equidade de gênero, como a criação das Delegacias de Apoio às Mulheres – DEAMs, que hoje somam 339 no país, o surgimento de 71 casas abrigo, além de inúmeros núcleos e centros de apoio que prestam atendimento e orientação às mulheres vítimas, realizando trabalho de denúncia e conscientização social para o combate e prevenção dessa violência, além de um trabalho de apoio psicológico e resgate pessoal das vítimas. Também ocorreram mudanças no Código Penal como a retirada do termo "mulher honesta" e a adoção da pena de prisão para agressores de mulheres, em substituição às cestas básicas. A criação da Lei 11.340, a Lei Maria da Penha, para o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres.
Mas, ainda assim as violências e o feminicídio continuam a acontecer. Vejamos o exemplo do Estado do Ceará: em 2007, 116 mulheres foram vítimas de assassinato no Ceará; em 2006, 135 casos foram registrados; em 2005, 118 mortes e em 2004, mais 105 casos[ii]. As mulheres estão num caminho de construção de direitos e de autonomia, mas a instituição do patriarcado continua a persistir como forma de estruturação de sujeitos. É preciso que toda a sociedade se mobilize para desmontar os valores e as práticas que sustentam essa dominação masculina, transformando mentalidades, desmontando as estruturas profundas que persistem no imaginário social apesar das mudanças que já praticamos na realidade cotidiana. O comandante da ação policial de resgate de Eloá declarou que não atirou no agressor por se tratar de "um jovem em crise amorosa", num reconhecimento ao seu sofrer. E o sofrer de Eloá? Por que não foi compreendida empaticamente a sua angústia e sua vontade (e direito) de ser livremente feliz?

[i] SEGATO, Rita Laura. Que és um feminicídio. Notas para um debate emergente. Serie Antropologia, N. 401. Brasília: UNB, 2006.
[ii] Dados disponíveis em: http://www.patriciagalvao.org.br/apc-aa-patriciagalvao/home/noticias.shtml?x=1076

19 de out. de 2008

Sobre o melhor dos vestidos


"Nada é mais belo que um corpo nu. A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que não tiveram essa felicidade, aqui estou eu."

Yves Saint Laurent

16 de out. de 2008

Sobre noites


Caminhando por lugares muito conhecidos que sempre, apesar de tudo, serão seus. Reconhecendo-se em cada pequeno canto, encontrando alegrias nessas redescobertas. Não, não havia abandonado ou perdido nada. As mesmas pessoas com suas vidas na mesma. Algumas belas, encantadoras. Outras menores, mas a distância traz uma certa piedade. Os cheiros que pensava esquecidos, os monstros criados, agora, motivos de zombaria. Num breve lampejo de saudade, Cecília sussurra no seu ouvido: Não tem mais lar aquele que mora em tudo. Novamente, fugitiva, muito longe do mar. Melhor assim.

12 de out. de 2008

Serial Killer


Eu não sei porque, mas existem pessoas que eu sempre penso que já estão mortas, apesar delas permanecerem bastante vivas. Com o intuito de finalmente me convencer de tal informação, resolvi elaborar e publicar uma lista com o nome dessas pessoas. São elas:

1- J.J Canotilho (pessoas do Direito, podem rir da minha cara).

2- Morrissey

3- Boy George

4- Twiggy

5- Mikhail Gorbachev

6- Djalma, amigo de infância de meu pai.

7- Cristiane F

8- Qualquer filósofo que é citado no mestrado.

10 de out. de 2008

Ema, ema...


Sabe aquela rima: ema, ema, não me conte seus problemas? Pois então: ela não se aplica para mim. Sim, porque eu adoro escutar os problemas dos outros. Sério! Sou assim, desde pequena.

Alguns de vocês, os que me conhecem pessoalmente, sabem que não sou exatamente uma pessoa silenciosa. Muito pelo contrário. Adoro falar, meu pai costuma dizer que, dois minutos comigo no elevador, são suficientes para que eu fique íntima das pessoas. E é verdade, isso faz parte do meu temperamento. Recentemente, fui a primeira pessoa a saber que uma conhecida iria pedir o divórcio. Antes mesmo do marido dela. Ela me encontrou na farmácia e relatou suas angústias durante horas. Pediu conselhos, chorou. Dois meses depois, quando minha mãe veio me contar a "bomba", eu já até achava que a tal conhecida tinha se casado novamente...

Tudo isso é muito curioso porque gente que mal me conhece se confessa para mim. Sim, é verdade: ao contrário da maioria das pessoas falantes que conheço, eu sou uma ótima ouvinte. E na minha vasta carreira de testemunha dos problemas alheios, já escutei histórias e confissões de corar as faces da Madonna.

Sou assim e gosto desta minha característica. E escrevi este post porque acabei me dando conta que o Vestígios deixou de ser um blog voltado para a literatura, tornou-se mais um espaço de amigos, onde escrevo e escuto o que vocês, queridos, têm para dizer. E sabem de uma coisa? Fico feliz com isso. Porque minha literatura também cumpre seu destino principal: vira logo livro.

8 de out. de 2008

O pior emprego do mundo


Eu já devo ter dito para vocês que odeio festas. E, quando falo em festas, refiro-me a um tipo de evento social que obriga as pessoas a parecerem chiques e super felizes o tempo todo. É óbvio que eu adoro ir para os casamentos e aniversários de amigos queridos, vou com prazer. O que eu acho insuportável é o ritual da melancolia: gente plástica dançando músicas sem graça, conversas tolas que não agregam nada, champagne Vive Clicot para alimentar maledicências e mentiras sobre tudo e todos e comentários indiscretos sobre a vida financeira alheia. Recentemente, ainda durante uma cerimônia religiosa, escutei um rapaz (primo da noiva!!!) dizer que "não sabia porque tinha ido para aquela festa, pois só havia mulher bizarra." Isto mesmo. Falta de respeito? Imagine!

Pois então: ontem, após escrever parte de um artigo sobre o Gender Gap(Índice de Desigualdade entre Gêneros), resolvi descansar e liguei a televisão. E, zapeando com o controle, me deparei com o mais assustador filme de terror: o programa do Amaury Júnior. Visualizem a cena: um monte de mulheres lotadas de jóias e super parecidas com a Cher (mas sem a graça dela) fingindo que não sabiam que estavam sendo filmadas. Todas rindo e dançando no ritmo do nada. Homens de idade com suas "esposas"(meninas loiras com no máximo 18 anos, sério!). Todos meio bêbados, oleosos, contando vantagens, deixando claro o poder do dinheiro. Olacyr de Moraes, acompanhado por duas garotinhas, mostrando que ter muita idade não é sinônimo de sabedoria. Não, não é preconceito. Sempre achei o Hugh Hefner um cara bacana, acho que ele gosta mesmo de suas três namoradas. Mas o Olacyr estava visivelmente determinado a aparecer, as meninas eram meio, não fim.

Como gosto de me magoar (isso é sadomasoquismo: incômodo misturado com prazer), continuei assistindo. E aí, apareceu o Carlos Alberto da Nóbrega (da Praça é Nossa!) e sua mulher. Amaury perguntou porque eles tinham se separado. Carlos Alberto, prontamente, repondeu: não aceito mulher que trabalha, tenho muito ciúme e ela inventou que queria trabalhar.
Depois disso, resolvi desligar a televisão. Pois tudo havia ficado muito claro: é por essas coisas que, ainda nos dias atuais, no Brasil, as mulheres apenas têm acesso a 66,37% de todos os recursos e oportunidades que estão disponíveis para os homens.
Sim, o Amaury merece todo o dinheiro que ganha. Porque ele, na minha opinião, tem o pior emprego do mundo.
(Achei uma outra entrevista do casal Nóbrega para o Amaury: http://br.youtube.com/watch?v=Uyt8Vfd-2fQ&feature=related. Não deixem de assistir!)

7 de out. de 2008

Semelhanças


Neste vasto mundo, somente eu acho a Sofia Coppola muito parecida com a Clarice?

4 de out. de 2008

Repensando conceitos 2



Sempre me pergunto: como ele conseguiu fazer o que fez em pleno século XX?

Repensando conceitos I

Comentário proferido por um famoso pensador na ocasião da guerra entre os EUA e o México pelo território da Califórnia:
"É uma infelicidade se a rica Califórnia foi arrancada dos mexicanos preguiçosos que não sabiam o que fazer dela? Se os enérgicos yankees, graças a exploração das minas de ouro daquela região, aumentam as vias de comunicação, concentram sobre a costa do Pacífico uma população densa e um comércio em expansão, abrem linhas marítimas, estabelecem uma via férrea de Nova York a São Francisco, abrem pela primeira vez o Pacífico à civilização e pela terceira vez na história dão uma nova orientação ao comércio mundial?“Será que é falta de sorte que a magnífica Califórnia tenha sido tomada dos preguiçosos mexicanos que não sabiam o que fazer com ela?”
De quem são essas frases? Palpites? Pois bem: elas são de Karl Marx.
Já tinha escutado isso na aula do mestrado. Mas encontrei outras fontes:

2 de out. de 2008