Eu já devo ter dito para vocês que odeio festas. E, quando falo em festas, refiro-me a um tipo de evento social que obriga as pessoas a parecerem chiques e super felizes o tempo todo. É óbvio que eu adoro ir para os casamentos e aniversários de amigos queridos, vou com prazer. O que eu acho insuportável é o ritual da melancolia: gente plástica dançando músicas sem graça, conversas tolas que não agregam nada, champagne Vive Clicot para alimentar maledicências e mentiras sobre tudo e todos e comentários indiscretos sobre a vida financeira alheia. Recentemente, ainda durante uma cerimônia religiosa, escutei um rapaz (primo da noiva!!!) dizer que "não sabia porque tinha ido para aquela festa, pois só havia mulher bizarra." Isto mesmo. Falta de respeito? Imagine!
Pois então: ontem, após escrever parte de um artigo sobre o Gender Gap(Índice de Desigualdade entre Gêneros), resolvi descansar e liguei a televisão. E, zapeando com o controle, me deparei com o mais assustador filme de terror: o programa do Amaury Júnior. Visualizem a cena: um monte de mulheres lotadas de jóias e super parecidas com a Cher (mas sem a graça dela) fingindo que não sabiam que estavam sendo filmadas. Todas rindo e dançando no ritmo do nada. Homens de idade com suas "esposas"(meninas loiras com no máximo 18 anos, sério!). Todos meio bêbados, oleosos, contando vantagens, deixando claro o poder do dinheiro. Olacyr de Moraes, acompanhado por duas garotinhas, mostrando que ter muita idade não é sinônimo de sabedoria. Não, não é preconceito. Sempre achei o Hugh Hefner um cara bacana, acho que ele gosta mesmo de suas três namoradas. Mas o Olacyr estava visivelmente determinado a aparecer, as meninas eram meio, não fim.
Como gosto de me magoar (isso é sadomasoquismo: incômodo misturado com prazer), continuei assistindo. E aí, apareceu o Carlos Alberto da Nóbrega (da Praça é Nossa!) e sua mulher. Amaury perguntou porque eles tinham se separado. Carlos Alberto, prontamente, repondeu: não aceito mulher que trabalha, tenho muito ciúme e ela inventou que queria trabalhar.
Depois disso, resolvi desligar a televisão. Pois tudo havia ficado muito claro: é por essas coisas que, ainda nos dias atuais, no Brasil, as mulheres apenas têm acesso a 66,37% de todos os recursos e oportunidades que estão disponíveis para os homens.
Sim, o Amaury merece todo o dinheiro que ganha. Porque ele, na minha opinião, tem o pior emprego do mundo.
(Achei uma outra entrevista do casal Nóbrega para o Amaury: http://br.youtube.com/watch?v=Uyt8Vfd-2fQ&feature=related. Não deixem de assistir!)
9 comentários:
Eu vi isso! Eu vi!!
E pensei exatamente a mesma coisa que você! Acho que sofremos juntas... Filme trash de terror!
E você tem toda razão: O Amaury merece tudo o que ganha!
beijos
Toma! quem manda? só faltou a Hebe. Por que quando ela aparece sinto o cheiro forte de perfume doce? Hebe, a caca véia de Maluf, a musa do Cansei. E Amaury? plastificaram tanto que parece aquela piada do cu no pescoço!
Tb não tenho o menor saco pra esses ambientes e essas pessoas que precisam arrotar sua suposta felicidade aos quatro cantos... aliás, vou com aqueles que acreditam que quem é, não precisa dizer. Bjs.
Menina, como esse homem está com a cara espichada! Parece um boneco de plástico!
Tá um horror mesmo, Nauta!
Bjs
Nem é o pior emprego do mundo...
O pior emprego do mundo são o dos caras que trabalham na ilha de edição desse programa e têm que ver e rever cenas como essas!
Nem zapeando eu passo por este rapaz!
Amaury Jr nunca leu Dostoievski, tampouco Nietzsche. Mas, ele ja esteve na Russia e na Alemanha e é feliz e isso basta pra ele. Ele não sofre com seu trabalho de Idiota, tampouco da por isso. Eu nunca saí da Bahia e sou feliz. Sou um idiota também, por que não? Sou feliz por que sou vivo e também porque posso ver o Amaury e dar pela sua presença bizarra sem que ela me seja maléfica. É necessário que haja Amaurys no mundo para que vejamos as coisas mais claras. O que seriam dos grandes artistas sem o homem comum, o homem estúpido e repugnante (isso não descarta a repugnância do artista)? Nós, que o vemos, temos é mesmo que ranger os dentes por estas coisas feias, porque nos cremos ainda puros. Mas, há um momento em que nem ligamos mais para isso.
Infelizmente eu não vi este programa, mas muitas vezes, ao invés disso, eu prefiro ir para o quartinho dos fundos e lá fumo um bom baseado. Lá posso relaxar e ouvir a musica que quiser. Eu os aconselho a ouvir Bartók e todos os eruditos, mas sobretudo, ouçam a musica razoável. É uma boa forma de esquecermos um pouco este imenso amor que temos por gente como este senhor grosseiro ,mas, bastante limpinho.
No mais, gostei do blog (que descobri por acaso) porque me fez escrever estas bobagens. Já o adicionei aos favoritos.
passar bem.
Volte sempre, Serafim!
Abraços,
Renata
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