Escondida sob o véu da normalidade, se esconde a minha excêntrica família. E é por isso que defendo a não proibição do véu das mulçumanas em lugares públicos: certas coisas devem ser reveladas na intimidade. E como o Vestígios é minha casa, nada melhor que contar algumas histórias aqui.
Se nas fotografias parecemos todos tradicionais, na vida real a coisa é bem diferente. A grande marca da minha família é a esquisitice que carrega consigo uma boa dose de humor. Tenho um avô austero que sempre deixou claro que os netos o pertubavam, mas que, recentemente, me disse que dei para ele o melhor presente de sua vida: um rádio relógio falante em forma de maçã. (?!). Minha avó, apesar da idade, é super moderna, faz faculdade e, dias atrás, soltou essa: "isso de gay era ruim antigamente, mas hoje é muito divertido, eles têm aquela festa colorida, cheia de gente animada... Dia desses eu vou." Quantas vezes meu pai, ainda dentro de seus ternos bem cortados, se escondeu para dar sustos nos filhos? Já perdi a conta e espero que ele não esteja me esperando em algum lugar escuro. Minha mãe, bom, minha mãe é um caso para ser analisado com mais cautela. Durante as nossas infâncias, quase todas as noites, eu e me irmão chorávamos muito pensando que ela iria sair para jantar com meu pai. Mas sempre estávamos enganados: ela só estava arrumada porque tinha o hábito de experimentar suas melhores roupas naquele horário. E até hoje é assim: ela veste seus melhores vestidos e fica pela casa toda pronta como se estivesse indo para um baile.
Ainda tenho que falar de minha babá, minha outra mãe, que acha todo mundo preguiçoso e só não é nazista porque não sabe o que isso significa. Não raro, ela me dá ordens absurdas que eu acabo cumprindo por puro temor reverencial. Meu namorado? Bom, ele já me proibiu de falar qualquer coisa dele no Vestígios, caso o contrário me processa. Pois então: perceberam o quanto estou rodeada de gente estranha? Calma, esperem, vocês ainda nada viram: faltou meu irmão.
Ricardo, meu irmão, é quase uma encarnação não maligna do Coringa, arquinimigo do Batman. Ele passa seus dias aplicando pegadinhas, dando foras e passando trotes para seus amigos próximos. Sim, há dias em que isso é muito engraçado. Mas, não raro, ele se torna um capitalista insuportável.
Não sei precisar quantas vezes meu irmão me ofereceu dinheiro para que eu abraçasse alguém desconhecido na fila do cinema e dissesse para tal pessoa que eu a amava muito. Algum tempo atrás, até tentei, estava sem grana, mas na hora H: amarelei. Ano passado, ele disse para minha mãe que ia viajar com Tito, um novo amigo de Barra Grande. Quando ela perguntou quem era esse "Tito", ele mostrou a foto acima. E apontou adivinhem para quem?
Ontem, recebi um e-mail da "Câmara do Livro" com o seguinte teor:
"Parabéns,
Você ganhou o Jabuti.
Favor entrar no website da premiação, para fins de dar entrada no procedimento de resgate do prêmio.
Segue ilustração anexa.
Cordialmente,
Direção Executiva do Prêmio Jabuti."
Não, eu nem me abalei... Já imaginava que isso era coisa dele.
Meu irmão é fã absoluto de João Gilberto. Só espero que, no futuro, atenda meus telefonemas e não fique implicante como o ídolo.
13 comentários:
Gargalhadas! Adoro poder me inteirar das excentricidades alheias. Amei esse post!
Ah, sonhei com vc essa noite, Rênate. Te via pelo retrovisor do carro, vc estava linda com uma blusa de oncinha e eu buzinava e acenava, mas vc não me via. Weird. Hehehehe.
Beijocas.
Oi, Renata, adorei sua família: sua avó e seu avô, então, muito engraçados!
Que sonho doido, Vivoca!!!!!!!! Me acabei de rir!
Bjs
Olá, Renata.
Consegui esquecer o papel com o seu e-mail no hotel, em São Paulo. Achei seu blog pelo Google, claro.
Enfim, foi muito muito bacana tê-la conhecido. Vou deixar registrado aí o meu e-mail, caso queira papear mais: alleones@gmail.com.
Abração do
André.
Oi Renata!
hoje entrei no seu blog pela primeira vez, Pig me mandou o link para que eu lesse o post que vc fez sobre sua família e ele. Resolvi deixar um recado pra dizer que adorei e o blog e que gostei muito de ter te conhecido, mesmo não tendo tido outras oportunidades de conversar mais com vc. Espero que esteja tudo bem aí em São Paulo!
Bjos
Maria Teresa Zarif (Lora)
Oi, Lora!
Adorei vc ter me escrito! Só mais excêntrica que a minha família é a sua, né? (rs)
De pé nosso estudo para o MPF?
Bjs
é sensacional ler tudo isso depois de receber um email com "instruções para a compra dos ingressos para o show de João Gilberto" e uma ligação avisando que pretende acampar no campo grande a partir das 4hs da manhã.
Pig é, sem dúvidas, a coisa mais minúscula e excêntrica que eu já conheci. Ah, quero deixar registrada a minha inveja absoluta do seu encontro com Lynch.
Beijos,
Raquel
Dona Shel!!!!
Seja bem-vinda e volte sempre! E quanto ao amalucado, já desisti, não tem jeito não...
Beijos!
Oi Renata! Pois é.. realmente no quesito excentricidade minha família é imbatível!! heheheheh. Nosso estudo do MPF está super de pé! Chegaremos lá!!
Bjos
Ps: virei visitante assídua do blog
huahuahuhaua pigg eh hilárioooooooo
n esqueci q tenho q te ligar n reni!!!
Muito bom esse texto também. Lendo sobre a sua família super excêntrica, fiquei pensando nas maluquices da minha. Se eu contar, ninguém acredita! Beijos.
Conheci seu blog por caminhos longos e caí logo no post da família!! que animação, ninguem morre de tédio; meno male.
Voltarei
entrei no seu blog pelo de Bernardo. Valeu mesmo! voltarei também
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