Eu tinha sete anos e cursava a primeira série. E, certo dia, a professora pediu que eu lesse, em voz alta, um livrinho chamado A Sementinha-Mãe. Feliz com o convite, comecei a leitura sem imaginar o que me esperava. Enquanto as letrinhas se agrupavam para apresentar ao mundo sua utilidade, acabei descobrindo um antídoto para tudo que me amedrontava. Naquela singela historinha, encontrei um motivo real para viver e morrer, para acreditar que a natureza sabe o que faz. Hoje, enquanto caminhava por estas ruas cheias de gente estranha e desconhecida, me lembrei desse episódio e pensei novamente: tudo isso é muito bonito. Mas, exatamente como fiz naquele dia, guardei em segredo minhas lágrimas e tal constatação. Desde os sete anos, sou uma menina grande. E meninas grandes não choram. Pelo menos, não na frente dos outros.
2 de fev. de 2008
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6 comentários:
Isso me faz lembrar da época d escola em q eu sempre era voluntário para ler todos os textos,sei q nao tem nd a ver mas me fez lembrar isso...
Que divino!
Pois é, nós somos nós mesmos desde que nascemos; o problema é que nós nos descobrimos muito tarde.
Que saudades que eu tava de vir aqui. Parabéns, seus textos continuam ótimos. ;)
Ter sete anos é algo extremamente cabalístico. Lembro muito bem dos meus. Bjos.
Desde que nasci, ainda não despertei (Pio Baroja).
Puxa, Renata...
Fiquei emocionado com seu post.
É complicado ser gente grande, né?
E tão cedo...
Acho q sempre serei um menino. Na verdade, sou uma menina. No sentido figurado da coisa, é claro.
Sou macho. Muito macho. rs
Mas falando sério...
Gosto muito de vc e da senhorita B!
B- jô.
Como te escrevi na carta, acredito que apenas os genuínos artistas, que têm uma grande sensibilidade, passam por esses momentos epifânicos ainda na infância. Você, Clarice...
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