11 de jul. de 2008

Foi isso que a vida me ensinou


Arrumei todos os meus papéis. Rasguei e destruí muito, sem piedade. Isso é sempre uma grande satisfação. Sempre que preparo uma viagem, eu o faço como se estivesse indo para a morte. Se eu não voltar, tudo estará em ordem. Foi isso o que a vida me ensinou.

Katherine Mansfield.


Encontrei tal citação no blog Ma Passion Rouge. E fiquei chocada. Justamente por eu ser o contrário da Katherine Mansfield. Antes de viajar, preciso deixar sempre algo pendente. Para que eu ache que vou voltar para aquele lugar. Para que, de alguma forma, eu esteja viva, presente. Temo viagens: elas significam despedidas. E isso é sintoma de outra verdade: temo morrer. Mas sei que assim não pensa a Senhorita B.

6 comentários:

Vivz disse...

Eu não arrumo os papéis, nem rasgo ou destruo nada, mas sempre viajo com a esperança de não ter que voltar mais.

Anônimo disse...

Adorei os 2 ultimos post!hehehehe
esses "meninos ótimos" são um inferno na vida de alguém viu...deus me livre.
hj eu te ligo reni,procurei saber oq vc me pediu mas n me disseram nada de substancial...dps te ligo
bjoooss

José Ricardo da Hora Vidal disse...

Engraçado, o fato de eu ter viajar com uma pequena constância (sob um certo aspecto, resido em duas cidades: Valença e Salvador) nunca me provocou em mim esta idéia de que uma viagem é uma despedida. De qualquer jeito eu estarei sempre chegando em casa, encontrei meus amigos, minha vida continuará em frente, qualquer que seja a cidade onde eu estiver.

Contudo, a outra idéia, da viagem como morte, e o temor de deixar algo inacabado, essa eu compartilho contigo. Temo que, assim que indesejada chegar, meus papeis não estejam em ordem, que meus manuscritos sejam apenas comida de traça e cupim e então, perca-se na sombras dos séculos a memória de Ricardo Vidal.

E, paradoxalmente, da mesma forma que procuro organizar tudinho em pastas e CDs de back-up (facilitando da vida de inventariante), também deixo tudo desorganizado, para que eu continue vivo e escrevendo.

Pode parecer muita pretensão de um escritor aspirante, mas acho que assim fica mais fácil para viver a vida. É bom deixar pendências. É um convite a continuar a viver, que a vida não se esgotou e que se pode ficar um pouco mais antes da eterna viagem.

Kátia Borges disse...

Fiquei pensando nas vezes em que estive em locais para onde pessoas não retornaram. E como ficam estranhas as coisas, os objetos, como se também esperassem.

aeronauta disse...

Adoro Katherine, e essa passagem é memorável. Adorei. Bjos.

Anônimo disse...

Adoro essa foto, já lhe disse.