17 de ago. de 2007

Lost in translation



" - I just don't know what I'm supposed to be. You know? I tried being a writer, but... I hate what I write. And I tried taking pictures, but they're so mediocre, you know. Every girl goes through a photography phase. You know, like horses? You know? Take, uh, dumb pictures of your feet.

- You'll figure that out. I'm not worried about you. Keep writing.

- But I'm so mean.-

- Mean's okay."


(Diálogo travado entre Bob e Charlotte numa das cenas do filme)

Desde que assisti Encontros e Desencontros, não fui mais a mesma. Talvez porque ele tenha me feito compreender que outras pessoas carregam a mesma sensação de deslocamento que eu. Talvez porque me senti muito invadida: com que direito alguém produz um filme sobre minha vida sem me avisar? Outro dia, li no blog da Aeronauta um post sobre retratos. Se me dissessem que sou a garota da fotografia acima, jamais duvidaria. Eu me reconheço neste retrato que não é meu. Se me dissessem que as palavras do diálogo transcrito saíram da minha boca, acreditaria sem pestanejar. Não, não vou traduzí-las. Pelo mesmo motivo que deixei em inglês a epígrafe de O que não pode ser. Todos nós apenas queremos ser encontrados porque estamos perdidos. Mesmo que seja apenas numa simples tradução.

25 comentários:

Anônimo disse...

Maravilha, Renata! Sua criatividade e poder de observação e conclusão não têm limites. E você sabe que este é, também, um dos meus filmes preferidos. Um filme para poucos.

aeronauta disse...

Ótimo seu texto, Renata; também me vi muito em "Encontros e desencontros". Já o assisti diversas vezes, e sempre me sinto tocada, profundamente. (Engraçado como nossos textos sobre retratos estão se encontrando! Fico feliz com isso.) Um grande abraço.

Anônimo disse...

Renata, valeu pelo link e visita. Um grande abraço e vida longa.

Anônimo disse...

Renata,

Estou aqui visitando seu blog, que na verdade, nao sera mais uma visita, e sim uma moradia. Me senti muito aconchegante aqui. Realmente estou perdida nesse mundo irreal que vivemos. Espero que as pessoas se voltem para si mesmas e encontrem sua verdadeira face. Beijosssssssss.

Vivz disse...

Já te falei um dia o que acho disso tudo. Sem mais...

Luiza disse...

Encontros e desencontros. Traduz a vida de muitos, um filme de uma simplicidade que nos toca e, verdadeiramente, não nos faz sermos os mesmos depois de assisti-lo.

e eu também já vi este filme antes...


bjusss Renata

Anônimo disse...

Se alguém ainda achava que Sophia Coppola era "só" a filha de Francis Ford Coppola, Lost In Translation calou a boca de muita gente heim?
Me lembro bem desse diálogo..os dois deitados na cama,uma das grandes cenas do filme.
Gosto muito do enfoque que vc dar aos seus textos,Renata.Desvendando os meandros da linguagem, reconhecendo o limite estrito do verbo,tentando dizer o indizível..
Todo esse deslocamento(e a vontade de traduzí-lo)não são,apenas, questões nossas e do nosso tempo.Lembrei de um livro de Camus(que tanto abordou esse estranhamento ao mundo)que eu lí:
"Quero Suportar minha lucidez até o fim e contemplar minha morte com toda exuberância de meu ciúme e de meu horror.."-Núpcias,1939.
Essa fica de presente pra vc!
Beijos!

Anônimo disse...

"Desde que assisti Encontros e Desencontros, não fui mais a mesma". E eu também. Aquele abraço. Thiago.

katherine funke disse...

velhinha, tuas idéias são lindas. deslocadamente no lugar certo. beijos.

katherine funke disse...

“Estrangeiro (e estranho) é quem afirma seu próprio ser no mundo que o cerca. Assim, dá sentido ao mundo, e de certa maneira o domina. Mas o domina tragicamente: não se integra. O cedro é estrangeiro no meu parque. Eu sou estrangeiro na França. O homem é estrangeiro no mundo.” - Vilém Flusser. Direto do blog de Cecília Gianetti para o Amores Expressos.

Senhorita B. disse...

Obrigada,Mayrant! Nos vemos quarta!

Jo�o: Grande abra�o para voc� tb!

Fernanda: Amo seus coment�rios! J� mandei Ricardo falar com vc sobre os livros. Ele me obedeceu?

Thiago: Voc� � sempre bem-vindo por aqui!

beijos e abra�os para todos!
Renata

O Sibarita disse...

Dona menina, engraçado, tem coisas na vida que temos a real sensação que somos nós, a nossa vida ali.

Um dia desse eu comentava com uma pessoa amiga sobre esse filme e a interlocutora me disse exatamente o que você escreveu, que ela se reconhecia em algumas cenas do filme.

É isso...

abraços,
O Sibarita

Anônimo disse...

Encontros e desencontros é um filme pavoroso. Em primeiro momento se tem a idéia de vidas deslocadas, cansadas de suas repetidas vidas de nada. vivem em busca da velha é boa paz de espírito.
Mas o que há de concreto é o menosprezo a culta oriental. O olhar de infeliz do diretor e roteirista para o Japão é o mesmo que se tem para a América Latina ou África.
O discurso romântico sempre foi tendencioso e preconceituoso. Excetuando-se alguns escritores-músicos, na maioria das vezes ha uma certa leveza no discurso, mas a pretensão é a negação de uma cultura, de um povo em favor de outro.
Ora bolas será que no Japão não há nenhum ator com capacidade suficiente para fazer uma propaganda de bebida?
Nos Estados Unidos todo mundo é gigante, poderoso e no Japão todo mundo fala gritando, todo mundo é pequeno. Caricaturar um povo é uma das formas mais cruéis de assassinar toda sua cultura.
Quando falamos de África o que vem logo em nossos pensamentos?
E quando se fala em Nordeste qual a imagem que surge?
Tudo isso fica claro em Encontro e desencontros. Filme bonitinho, mas ordinário.

Anônimo disse...

Uma bela película, apesar da visão extremamente caricata dos japoneses e o final desnecessário - o que não chega a comprometer o todo. Como diria Belchior: "a solidão das pessoas nas capitais".

Anônimo disse...

Coitado de Ediney Santana!

Anônimo disse...

O patrulhamento multicultural não permite que determinadas pessoas (vide acima) entendam um filme de arte. O que chamam caricatura é ironia, que não é humor. Na verdade, a diretora-roteirista, Sofia Coppola para os desatentos, foi até complacente com o Japão atual, que se esqueceu de si mesmo num desejo insano de se ocidentalizar. O mesmo está acontecendo com o Brasil, meio macaco ianque, meio europeu patife. Aqui em Salvdor então! Revejam o filme! Jabor está mais que certo quando diz que hoje o burro sobe no caixote e diz: "sou burro e daí?" Francamente, comentários como esses acima são dispensáveis ou dignos de uma lixeira.

Anônimo disse...

O e Anônimo realmente vocês são de um tipo de "gente" que merece tudo que acontece por aí.
Em momento algum O Herculano nem Ediney atacaram pessoa alguma, fizeram comentários e só. Creio que eles não tem culpa alguma por vocês serem covardes e felizes devoradores de manuais do bom pensador de nada. Agora se esconder entre O e Anônimo é de uma covardia sem fim.
Rapazes, se é que são rapazes. tá na hora de ir além dos Cadernos 2 e Continhos sem graça nos Correios da Vida.
Afinal só fazer cara e pouse de gente não basta. Há de ser gente de verdade.
Disso tudo o que sobra e a liberdade e a elegância da Renata em colocar os comentários no ar, mesmo que seja de gente cretina que tem medo de assinar o próprio nome.

Anônimo disse...

Ô, Vânia, você disse tudo: "pouse". Não é à toa que este é um estado de analfabetos... Seus amiguinhos parecem desconhecer o que é arte, e que a arte tem sentidos ocultos, metáforas: só pensam em preconceito, caricatura, cultura, essas idéias velhas do multiculturalismo de amebas, e isso não passa de complexo de vira-lata, como dizia Nelson Rodrigues. Vão ler um pouco de literatura e história do Japão. Só não sei se vão gostar ou entender. Acho que não.

Anônimo disse...

Coitada da Vânia Almeida!

Anônimo disse...

Prezada Vânia Almeida, obrigado pela ironia "continhos sem graça nos Correios da Vida". Essa foi para mim, que não entrei na história. Você é, de fato, muito elegante, cautelosa e educada. Mas foi bom saber que tenho ao menos uma leitora!

Anônimo disse...

Quem garante que vânia almeida é nome, e não um anônimo pseudônimo? Lembra carmem maria, josefa custódia, etc...

Senhorita B. disse...

Amigos,

O diálogo aqui é sempre bem-vindo. Todos podem dar suas opiniões, mesmo que eu não concorde com algumas delas. Mas acho que há um limite para tudo. Já dei espaço para todo mundo dizer o que acha. Vamos mudar agora de tópico?
Grande abraço,
Renata

Anônimo disse...

Vc é bonitinha como a Johanson

Senhorita B. disse...

Poxa, muito obrigada!:)

Lidi disse...

Simplesmente, o meu filme favorito!