31 de dez. de 2007
29 de dez. de 2007
Sumário de desejos
Postado por Senhorita B. às 3:11 PM 9 comentários
24 de dez. de 2007
It´s a wonderful life
Sim, eu sei. A felicidade não se compra... Por isso, só me resta desejar um Natal e um 2008 de cinema para todos vocês.
Beijos,
Renata
Cena final de A felicidade não se compra (It´s a wonderful life) de Frank Capra.
Postado por Senhorita B. às 12:01 PM 4 comentários
Para a menina que fui um dia:
Era véspera de Ano Bom. Fazia um frio intenso; já estava escurecendo e caía neve. Mas a despeito de todo o frio, e da neve, e da noite, que caía rapidamente, uma criança, uma menina, descalça e de cabeça descoberta, vagava pelas ruas. É certo que estava calçada quando saiu de casa; mas as chinelas eram muito grandes, pois que a mãe as usara, e escaparam-lhe dos pezinhos gelados, quando atravessava correndo uma rua, para fugir de dois carros que vinham a toda a brida. Não pôde achar um dos chinelos e o outro apanhou-o um rapazinho, que saiu correndo e declarando que aquilo ia servir de berço aos seus filhos, quando os tivesse. Continuou, pois, a menina a andar, agora ocm os pés nus e gelados. Levava no avental velhinho uma porção de pacotes de fósforos e tinha na mão uma caixinha: não conseguira vender uma só em todo o dia, e ninguém lhe dera esmola - nem um só vintém.
Assim, morta de fome e frio, ia se arrastando penosamente, vencida pelo cansaço e o desânimo - a estátua viva da miséria.
Os flocos de neve caíam pesados, sobre os lindos cachos louros que lhe emolduravam graciosamente o rosto; mas a menina nem dava por isso. Via, pelas janelas das casas, as luzes que brilhavam lá dentro; vagava na rua um cheiro bom de pato assado - era a véspera do Ano Bom - isso sim, não o esquecia ela.
Achou um canto, formado pela saliência de uma casa, e acocorou-se ali, com os pés encolhidos para abrigá-los ao calor do corpo; mas cada vez sentia mais frio. Não se animava a voltar para casa, porque não tinha vendido uma única caixinha de fósforos, e não ganhara um vintém; era certo que levaria algumas lambadas. Além disso, lá fazia tanto frio como na rua, pois só havia o abrigo do telhado, e por ele entrava uivando o vento, apesar dos trapos e das palhas que lhe tinham vedado as enormes frestas.
Tinha as maozinhas tão geladas... estavam duras de frio. Quem sabe se acendendo um daqueles fósforos pequeninos, sentiria algum calor? Se se animasse a tirar um ao menos da caixinha, e riscá-lo na parece para acendê-lo... Ritch!... Como estalou, e faiscou, antes de pegar fogo!
Deu uma chama quente, bem clara, e parecia mesmo uma vela, quando ela o abrigou com a mão. E era uma vela esquisita, aquela! Pareceu-lhe logo que estava sentada diante de uma grande estufa, de pés e maçanetas de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor. E a meninazinha ia estendendo os pés enregelados para aquecê-los e... crac! Apagou-se o clarão! Sumiu-se a estufa, tão quentinha, e ali ficou ela, no seu canto gelado, com um fósforo apagado na mão. Só via agora a parede escura e fria.
Riscou outro. Onde batia a sua luz, a parede tornava-se transparente como a gaze, e ela via tudo lá dentro da sala. Estava posta a mesa, e sobre a toalha alvíssima via-se, fumegando entre toda aquela porcelana tão fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas. Mas o melhor de tudo foi que o pato saltou do prato e, com a faca ainda cravada nas costas, foi indo pelo soalho direto à menina que estava com tanta fome, e...
Mas - que foi aquilo? No mesmo instante acabou-se o fósforo, e ela tornou a ver somente a parede nua e fria, na noite escura. Riscou outro fósforo, e àquela luz resplandecente, viu-se sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Oh! Era muito maior, e mais ricamente decorada do que aquela que vira, naquele Natal, ao espiar pela porta de vidro da casa do negociante rico. Entre os galhos brilhavam milhares de velinhas; e estampas coloridas, como as que via nas vitrinas das lojas, olhavam para ela. A criança estendeu os braços, diante de tantos esplendores, e então, então... apagou-se o fósforo. Todas as luzinhas de natal foram subindo, subindo, mais alto, cada vez mais alto, e de repente ela viu que eram estrelas, que cintilavam no céu. Mas uma caiu lá de cima, deixando uma esteira de poeira luminosa no caminho.
- Morreu alguém - disse a criança.
Porque sua avó, a única pessoa que a amara no mundo, e que estava morta, lhe dizia sempre que quando uma estrela desce, é que uma alma subiu para o céu.
Agora ela acedeu outro fósforo; e desta vez foi a avó que lhe apareceu, a sua boa vovó, sorridente e luminosa, no esplendor da luz.
- Vovó! - gritou a pobre menina - Leva-me contigo... Já sei que quando o fósforo se apagar, tu vais desaparecer, como se sumiram a estufa quente, e o rico pato assado, e a linda árvore de Natal!
E a coitadinha pôs-se a riscar na parede todos os fósforos da caixa, para que a avó não se desvanecesse. E eles ardiam com tamanho brilho, que parecia dia, e nunca ela vira a vovó tão alta, nem tão bela! E ela tomou a neta nos braços, e voaram ambas, em um halo de luz e de alegria, mais altoo, e mais alto, e mais longe... longe da terra, para um lugar lá em cima onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo, porque elas estavam agora com Deus.
A luz fria da madrugada achou a menina sentada no canto, entre as casas, com as faces coradas e um sorriso de beatitude. Morta. Morta de frio, na última noite do ano velho.
A luz do Ano Bom iluminou o pequenino corpo, ainda sentado no canto, com a mão cheia de fósforos queimados.
- Sem dúvida ela quis aquecer-se - diziam.
Mas... ninguém soube das lindas visões, que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos, nem em que halo tinha entrado com a avó nas glórias do Ano Novo.
Postado por Senhorita B. às 1:07 AM 5 comentários
21 de dez. de 2007
Em dias tão sentimentais...
Uma das canções da minha vida.
Postado por Senhorita B. às 9:35 PM 6 comentários
18 de dez. de 2007
Em tempos de reuniões de Natal...
"Nossa relação com as pessoas consiste em discutir com elas e criticá-las. Foi isso que me afastou por vontade própria de toda a minha vida social"
Frase de Isak Borg, personagem principal de Morangos Silvestres, um dos meus filmes favoritos do genial Ingmar Bergman.
Postado por Senhorita B. às 9:10 AM 17 comentários
15 de dez. de 2007
Prezados amigos secretos,
- Algum livro da Inês Pedrosa
- Algum livro do Antonio Di Benedetto
- Algum livro sobre cinema
- Faixas para o cabelo estilo Érica e Joana( qualquer dúvida, podem perguntar a elas)
- Roupas sempre são bem-vindas, desde que eu possa trocá-las.
- Roupas de ginástica
- Sandálias rasteiras
- Cds de rock
- Dvds de filmes clássicos ou cults
- Esmaltes antialérgicos(escuros, de preferência)
- Flores(inapropriado, mas sempre bacana)
- Caixa com apenas chocolate branco(existe?)
- Uma máquina fotográfica digital( eu sei, é quase impossível que vocês gostem tanto assim de mim, mas não custa tentar, quem sabe Papai Noel também não é um dos leitores deste blog?)
Feitas tais considerações, agradeço, desde já, os cartõezinhos de Natal que vocês escreverão para mim.
PS: Eva, essa lista não vale para você! Pode escolher uma lembrança- surpresa, viu?
Postado por Senhorita B. às 9:46 PM 10 comentários
9 de dez. de 2007
Sobre uma certa Senhorita C.
Postado por Senhorita B. às 10:37 AM 14 comentários
6 de dez. de 2007
Lista dos vencedores do desafio
- Carina Avgvsta
- Personagem Principal
- Criticas Criticáveis
- O Sibarita
- Aeronauta
- Palatus e colirius
- Álvaro
- Luíza(que foi café com leite)
- Kátia Borges
- Ricardo
- Georgio
Na próxima segunda-feira, colocarei os livros no correio. Por favor, mandem seus endereços!!!!
Postado por Senhorita B. às 6:16 PM 6 comentários
Para diversão de vocês(notícia encontrada na BBC Brasil)
Argentino propõe criação de imposto sobre beleza
Max SeitzDe Buenos Aires
O escritor argentino Gonzalo Otálora está causando polêmica com uma campanha em que defende a cobrança de impostos das pessoas consideradas lindas para compensar o "sofrimento" daqueles que supostamente foram menos favorecidos pela natureza.
O escritor, de 31 anos, diz que sua iniciativa tem o objetivo de provocar um debate sobre o culto à beleza na Argentina e sua influência em setores como a política, a economia e a educação.
Armado com um megafone em frente à Casa Rosada, sede da Presidência argentina, em Buenos Aires, Otálora reclama os direitos das pessoas que são consideradas feias pela sociedade.
Otálora, que se considera parte do grupo dos menos agraciados, afirma "por experiência própria" que os feios não têm os mesmos direitos que os lindos na Argentina.
Em seu livro, intitulado "Feio", o escritor argentino narra em primeira pessoa o sofrimento que enfrentou por sua suposta falta de beleza.
"Eu pensei que se fizesse dieta, fosse todos os dias à academia e me submetesse a uma cirurgia plástica poderia ser feliz. E me dei conta de que fiz tudo isso e (ainda assim) não me sentia completo. Minha vida não mudou."
Na Argentina, a beleza física é associada à imagem de modelos e atores que aparecem nos meios de comunicação, e as pessoas são consideradas mais ou menos belas conforme se aproximam ou se distanciam desses parâmetros.
Otálora diz que empreendeu sua cruzada para que os argentinos tomem consciência dos valores que sustentam esse tipo de discriminação e "autodiscriminação".
"Paliativo"
O escritor propõe que o imposto cobrado dos belos sirva para subsidiar os feios e reparar seu sofrimento.
"É um paliativo, porque neste país, onde se diz que as mulheres argentinas são as mais lindas do mundo, um garoto feio ou que se sinta feio está de algum modo condenado a ser infeliz", afirma.
Escritor narra em livro sofrimento que enfrentou por ser feio
Otálora apresentou seu projeto ao presidente da Argentina, Néstor Kirchner, a quem classifica como "pouco atraente" e de quem espera alguma resposta por simpatia à causa.
O escritor admite que a idéia de um imposto sobre a beleza "pode parecer uma loucura", mas afirma que é apenas um ponto de partida para discutir outros temas.
Ele enumera alguns assuntos que, em sua opinião, deveriam ser debatidos: "Que nos desfiles de moda estejam representados todos os tipos de constituição física, que na escola se crie um ambiente que desestimule o deboche e que se controle a importância que as empresas dão à aparência na hora de selecionar funcionários".
Por fim, Otálora dá um conselho a seus "pares" feios: "Eu me reconciliei comigo mesmo quando me olhei no espelho, parei de me julgar e comecei a gostar de mim mesmo. E, às dificuldades, respondi com bom humor."
Postado por Senhorita B. às 1:11 PM 6 comentários
4 de dez. de 2007
My Mac Happy Weekend(Meu Mac final de semana feliz)
Talvez porque a palavra esteja bastante desgastada. Talvez porque eu realmente não saiba o que ela significa. Mas uma coisa é certa: sempre que penso no que é felicidade, duas imagens vêm na minha cabeça. A primeira delas é a cena acima colecionada. A segunda é uma libélula morta exposta num quadro de vidro pendurado numa parede qualquer.
Dito isso, fica claro que tenho uma péssima impressão do termo “felicidade”. Ele me parece assustador, artificial, plástico e mentiroso. Não há nada mais terrível do que as promessas de vida que ele propõe sem sucesso. Guerras, drogas e antidepressivos são algumas das conseqüências dessa busca desesperada por algo que não sabemos exatamente o que é. Nos últimos tempos, o mercado de consumo criou a ditadura da felicidade e nós a aceitamos sem pensar. Internalizamos a idéia de que temos que sempre estar bem, malhados, bonitos, ricos, contentes... E coitado daquele que fuja desse padrão! Entra direto no bloco dos infelizes, passa a ser visto pelos “outros”(que se pensam felizes) como alguém inferior, condenado às profundezas malignas do mundo.
Não seria mais fácil se admitíssemos que este modelo de vida é incompatível com a natureza humana? Somos mutantes, inconstantes, variáveis. Como poderíamos caber em uma roupa só? Para mim, é claro que é impossível viver sem conflitos. E, sinceramente, agradeço por isso. É das minhas angústias e medos que nasce muito daquilo que escrevo. Chega a ser curioso: encontro enorme prazer em colocar no papel tudo que me incomoda.
Eu acho que o que verdadeiramente importa é sermos féis ao que acreditamos. Sem esperar nada dos outros, sem exigir deles qualquer adesão ao nosso projeto de existência. O nosso compromisso deve ser apenas este e ponto. Isso foi o que concluí com o desafio que propus.
Ahh... Que vergonha! Esse texto ficou meio auto-ajuda, não? Pena que não vou ganhar horrores de dinheiro com ele!(rs)
Abaixo segue o meu Mac final de semana feliz. Com ketchup e tudo mais.
Obrigada por terem topado o desafio. Espero que gostem dos livros que receberão.
Meu Mac final de semana feliz
Sexta= Me diverti bastante no casamento. Já no aniversário, tive que escutar as mesmas coisas chatas de sempre. (Está mais gorda/magra? Quais as novidades?). Quando, ainda na festa, a quinta pessoa me perguntou o que eu estava fazendo da vida, respondi, na frente de todo mundo, sem pestanejar:
- Nada. Parei de trabalhar. Só penso em me casar.
É óbvio que o povo ficou horrorizado. Mas valeu a pena, sabe? Desde então, só faço dar risada dessa cena que protagonizei.
Sábado= Tive quatro eventos. Todos foram relativamente bons. Gostei mais do último. Adorei saber que minha tia-solteira-convicta anda arrastando asa para um colega de trabalho recém-saído da adolescência. E que ela só pensa em Sex and the city. Tudo bem que ela descobriu o seriado tardiamente, mas achei muito moderno da parte dela admitir isso.
Domingo= Passei o dia lendo. Comi Mac Donalds. Engordei vinte quilos. Assisti um filme chamado Amigas com dinheiro. Me lembrei que ficarei sem dinheiro: preciso comprar os presentes de Natal de minhas amigas.
Cena inicial do filme Cidade dos sonhos de David Lynch.
Postado por Senhorita B. às 10:45 AM 9 comentários