"Em outros contos, consultam-se ainda, no humano dolente, as emoções do humano abandonado pelos objetos , pelos entes, pelas utopias –– o silêncio como fio condutor da memória, o abandono dos valores humanos como lei de nossos tempos. Em outras histórias, todas nossas, vão se assumindo outras modalidades para o desdém: a solidão de uma mulher que se acha velha demais para relacionar-se com outro homem; o desprezo de uma turma por um professor prestes a se aposentar. Diferentes formas de descartar-se do humano, mas nenhuma delas de "poder ser". Renata Belmonte é uma artista jovem e, ao mesmo tempo madura, denunciando "o que não pode ser", numa sociedade onde a disputa e a truculência não cedem lugar ao emocionar-se , ao choro mútuo, o que resulta no acúmulo de dores vividas pelas personagens da escritora, sem de fato, poderem ser. E assim, "o que não pode ser", nem pode ser dito, diz sua literatura, entre a vida e a morte de todos nós, "intermitentemente." "
Osmar Soares da Silva Filho, doutorando pela UFRJ, em: Renata Belmonte, As intermitências do ser, ensaio presente no livro Estudo sobre contistas brasileiras estreantes nos anos 90 e 2000, organizado por Helena Parente Cunha, editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 2008.
Março ainda nem chegou. Mas já ganhei de aniversário este maravilhoso presente.