31 de mar. de 2008

Como todos

Há quem acredite na sua suposta ignorância angelical, no seu silêncio absoluto. Vestida e devidamente sentada ao lado deles, ela os observa com alguma atenção. Infelizmente, pertence à linhagem, ao universo dos que pensam saber. Pensam. Não, ela não os conhece, mas os odeia com veemência. Eles e suas caras ansiosas, seus corpos fracos em busca de conforto, apenas com a letra escrita e imperfeita se satisfazem, são preguiçosos, demandam e legislam, só que nada entendem da matéria do mundo. Ainda na infância, seu irmão pequeno descobriu: você parece boa, mas é má. E desde quando, menino, você aprendeu a ler a minha alma? Nem eu mesma sei! Sentada ali, agora, ela pensa: talvez. Só que de nada importa. Porque vestida está como todos os outros.

30 de mar. de 2008

A véspera da fuga da Senhorita B

Dizem que, no dia anterior à fuga da Senhorita B., ela fez uma pequena tatuagem no pulso. E que, sobre suas veias, ficou para sempre marcada a letra V. Há quem afirme que ela, com tal atitude, tenha tentado representar as palavras vida, viagens e verdade. Não foi em busca de tudo isso que partiu a nossa querida personagem? No entanto, apesar das especulações, guardo para mim outra suspeita: não seria o tal V nada mais que uma homenagem ao grande amor da Senhorita B.?

26 de mar. de 2008

25 de mar. de 2008

Verso aborrecido:

Mais difícil do que suportar essa vida sem graça:
é encontrar, de mau humor,
uma roupa decente para sair de casa.

(Ser desorganizada e poetisa sem talento acaba redundando nisso!)

20 de mar. de 2008

Sobreviventes


O dia está quente, mas ele está lá. Sim, ele sempre está lá. Observo-o quase todos os dias, gosto de imaginar como é a sua vida. Penso que é feliz, apesar das dificuldades. Ele é o homem com mais dignidade que conheci.

Testemunho sua vida de longe e é possível que ele nem ao menos se lembre do meu rosto. Talvez de mim não lhe tenha sobrado nada, nem ao menos impressões. Mesmo assim conto a sua história. Porque, ontem, pela primeira vez, tive coragem de aceitar suas flores. No banco de couro do meu carro, tentam ainda sobreviver as rosas compradas por culpa e compaixão. Amanhã, como em todos os outros dias, ele estará tentando sobreviver à dura sina do asfalto, aos carros mal-educados e aos inúmeros sinais vermelhos que lhe são dados pela vida. Ele. O homem com mais dignidade que conheci. Ele, que nem imagina o que está escrito aqui. Ele: o vendedor de flores da esquina.

16 de mar. de 2008

Vamos estudar?


”Umas das razões que as impulsionava era o desejo de descrever seu próprio sofrimento, de defender uma causa própria. As mulheres começam a explorar o mundo das mulheres, a escrever sobre as mulheres, como nunca se escreveu antes; pois, até época bem recente, as mulheres na literatura eram, certamente, uma criação dos homens." Virginia Woolf (1882-1941).

É seguindo a linha de pensamento da escritora inglesa que a Fundação Pedro Calmon/Secult, através do Núcleo do Livro, Leitura e Literatura (NLLL) reunirá, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, especialistas e escritoras no Seminário “Mulher e Literatura”. O encontro ocorrerá no dia 17 de março, das 15h às 18h, no auditório da Biblioteca Pública do Estado (Barris). O historiador Ubiratan Castro, diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, fará a abertura do Seminário que contará com palestras das Profªs. Drªs. Ívia Iracema e Dalila Machado e das escritoras Mônica Menezes e Renata Belmonte. Os temas das palestras são: Mulheres em série I: As profissionais de CSI; Da Poesia na Mulher; Da escrita como cuidado de si; O corpo na literatura feita por mulheres.



PROGRAMAÇÃO:


Mulheres em série I: As profissionais de CSI - Profª. Drª. Ívia Iracema

Da Poesia na Mulher - Profª. Drª. Dalila Machado

Da escrita como cuidado de si - Mônica Menezes

O corpo na literatura feita por mulheres - Renata Belmonte



Quando: 17 de março (segunda-feira), das 15h às 18h

Onde: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia (Barris)

Mais informações: Fundação Pedro Calmon: (71) 3116-6918 / 6676

ascom@fpc.ba.gov.br http://www.fpc.ba.gov.br

13 de mar. de 2008

Feliz aniversário...



Para mim:)

11 de mar. de 2008

Considerações sobre este tempo

Chega uma hora em que não mais importa que as pessoas lhe digam que você está magra/gorda/com acne/com o cabelo oleoso/seco/feio/lindo. Chega uma hora em que não mais importa que todas as suas tias e amigas da mãe lhe digam que seus filhos estão muito ricos/passaram no melhor concurso do mundo/tiraram dez em todas as provas do doutorado de Harvard/ ganharam vários prêmios Nobel. Chega uma hora que você não mais se importa com o que os outros estão pensando de você, deixa eles acharem todas as bobagens que quiserem a seu respeito. Chega uma hora que você se sente feliz apenas por ter batido um papo agradável com um desconhecido. Chega uma hora em que não mais importa se você não conseguiu tudo que queria, se seus sonhos ainda não se realizaram, se o mundo não lhe parece justo como deveria. Chega uma hora em que você se sente bem apenas por ser quem é e não mais se irrita com pecados e manias dos outros. Talvez eu esteja assim porque é a semana do meu aniversário e porque gosto de pensar que cumpro bem o papel que me foi destinado. Estou orgulhosa de mim, pedi demissão do cargo de legisladora do mundo. Basta-me agora existir assim, leve, desligada, acreditando que, um dia, irei começar a vida que eu sempre quis. Basta-me pensar que, ainda dentro de mim, vive a Senhorita B. Basta-me. Talvez isto seja o que costumam chamar de paz.

10 de mar. de 2008

6 de mar. de 2008

OPS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Acabei de receber um e-mail da TVE dizendo que minha entrevista não irá mais ao ar no programa de hoje. Parece que sairá apenas na próxima semana. De qualquer forma, eu volto a escrever avisando vocês.

4 de mar. de 2008

Quem avisa amigo é...

Eu, no Soterópolis(canal 02 - TVE), dia 06/03 às 22:00.

3 de mar. de 2008

A geração B.

A babá se escondendo no quarto, fingindo não estar se importando, lágrimas escorrendo no seu rosto rígido. A mãe com um casaco na mão, o coração na mão, tentando aceitar bem sua partida. O pai chorando copiosamente, sentindo-se abandonado, não havia lhe dado um bom mundo? A irmã fragilizada, cabelos estranhamente molhados, rosto avermelhado, desejando responder: não, um mundo apenas não basta, precisamos de muitos, sim, é duro, mas é necessário, precisamos compreender. As rodinhas da mala fazendo ruídos, a mão acenando, adeus, até logo, estou partindo para poder me encontrar. Qualquer despedida é longa demais, qualquer despedida é sempre demais. No entanto, eis que o terceiro mês chega e a vida se acalma, pois em março quase tudo pode ser. Eu me preparando para o seu retorno. Sim, em breve, voltará para casa o Senhorito B.